Nos últimos anos, os casos de insónia entre crianças têm vindo a aumentar significativamente, alerta a Associação Portuguesa de Sono (APS). Especialistas reforçam a necessidade de adotar estratégias comportamentais antes de recorrer a suplementos ou fármacos.
A insónia infantil está a tornar-se um problema cada vez mais recorrente, levando a um aumento na procura por consultas especializadas. A pediatra Marta Rios, da APS, sublinha que o tratamento inicial deve focar-se na higiene do sono e em abordagens comportamentais, relegando os fármacos para uma opção secundária.
“Os pedidos de consulta praticamente triplicaram nos últimos anos”, relata a especialista, referindo que muitos pais recorrem ao Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) à procura de soluções. Embora a insónia seja comum em crianças com patologias neurológicas, há um número crescente de casos entre crianças com desenvolvimento típico.
A médica explica que a insónia é definida como uma dificuldade em iniciar ou manter o sono, sendo essencial criar condições adequadas para dormir bem. Horários regulares, um ambiente tranquilo e rotinas consistentes são medidas fundamentais antes de qualquer intervenção medicamentosa.
O uso de suplementos de melatonina tem vindo a popularizar-se, mas a especialista alerta: “Não adianta esperar um milagre da melatonina, pois esta só demonstrou eficácia em crianças com perturbações do neurodesenvolvimento”. Em crianças saudáveis, a substância deve ser usada apenas como apoio a estratégias comportamentais e sob orientação médica.
A propósito do Dia Mundial do Sono, que se assinala esta sexta-feira, a APS e o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) juntam-se a uma campanha mundial intitulada “Faça do sono uma prioridade”. Entre as iniciativas programadas, destaca-se o lançamento do livro infantil “Uma Viagem Ilustrada ao Mundo do Sono”, com ilustrações e quadras de jovens artistas, e a apresentação de um hino sobre a importância de dormir bem, interpretado pelo músico João Leiria.